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DoDa aux Champs Exylées

Updated: Jul 12, 2020


DoDa aux Champs Exylées - Virulismo e Virtualismo


DoDa aux Champs Exylées - Virulism and Virtualism





Em 1453 Constantinopla foi sitiada pelos otomanos, e para quem ainda tinha dúvidas ficou claro que o que restava do Império Romano já não existia mais. Consolidava-se a desconexão entre um sistema institucional e a sua representatividade na figura do imperador Constantino XI. A civilização ocidental ainda vivia no que hoje chamamos de idade média; mas já dava passos largos ao que chamaríamos tempos modernos, consolidados historicamente com a revolução francesa e economicamente com o estabelecimento do que veio a ser conhecido como capitalismo.


Seis séculos depois, o que sobrou do imaginário de Roma, a Península Itálica, permaneceu sitiada por meses. Desta vez não foram guerreiros guiados por uma promessa do profeta Maomé, e sim pela invasão de uma partícula invisível, trazida nos corpos de inocentes viajantes do tempo, pessoas capazes de deslocar suas mentes em frações de segundos por qualquer parte do mundo em suaves toques sobre um cristal líquido, ou comandando verbalmente algoritmos robóticos no mais das vezes com nomes femininos.


O Corona Vírus ainda é mais lento que o pensamento viajante dos humanos, mas o rastro que o seu medo provoca segue na velocidade das radiofrequências; e o pânico prenunciado se realiza pandemicamente em uma trilha que se inicia em Wuhan e termina bem aqui, em qualquer ponto da terra onde haja o que ainda nos consideramos – humanos. Humanos, no plural, isso é o que somos, seres relacionados a morcegos, se não por sermos ambos mamíferos e igualmente suscetíveis ao Corona, pelo menos por sermos mitologicamente conectados. Humanos do século XXI, seres quase vampiros que já vivemos mais do triplo do tempo que seria esperado para um homem comum, quando as muralhas supostamente invencíveis de Constantinopla não mais resistiram aos invasores do temível leste.


Desesperados, nós, homens e mulheres vampiros percebemos que desaprendemos a morrer, como há seis séculos ainda o sabíamos; porém reagimos como se ainda não houvesse caído Constantinopla. Já são muitos aqueles que desejam morrer mais rápido e aceleram seus encontros com o destino; e centenas de milhares de outros, normais, cujo destino se apressou em encontrá-los. Desaprendemos a morrer como se morria antes, supondo que a morte seja algo que se aprende. Sempre foi assim dizem alguns. Como pode ser assim? Lamentam outros. E há quem diga que isso seja a providência. E continuamos a morrer como se morria antes - deixando sonhos como herança, e dores como dívidas. Recordamos a Peste como se houvesse sido ontem. Acreditamos que nossas muralhas virtuais serão capazes de nos proteger do inimigo. O medo do vírus, que poderíamos chamar de Virulismo, testa e promove como jamais visto uma onda que já avançava no mar vazio do desespero. Esse oceano da contemporaneidade líquida, onde a ordem de poucos contatos físicos se torna o mantra de uma felicidade postergada.


In 1453 Constantinople was besieged by the Ottomans, and for those who still had doubts it became clear that the leftover of the Roman Empire no longer existed. The connection between an institutional system and its representation in the figure of Emperor Constantine XI was broken. Western civilization still lived in what we now call the middle ages; but it was already taking large steps in what we would labe Modern Times, consolidated historically with the French revolution and economically with the establishment of what came to be known as capitalism.


Six centuries later, what was left of Rome's imaginary, the Italian Peninsula, remained under siege for months. This time, not by warriors guided by a promise from the prophet Muhammad, but by the invasion of an invisible particle, carried in the bodies of innocent time travelers - people capable of moving their minds around the world in fractions of seconds by softly touching crystal-liquid screens, or verbally commanding robotic algorithms most often with girl names.


The Corona Virus is still slower than wandering human thoughts, but the trail their fear creates moves at the speed of radio frequencies; and the foreshadowed panic takes place pandemically on a road that begins in Wuhan and ends right here, anywhere on earth where there is still what we consider ourselves to be - humans. Humans, plural, this is what we are, beings related to bats, if not because we are both mammals and equally susceptible to the Corona, at least because we are mythologically connected. Humans of the 21st century, almost vampires who live now more than three times as long what would be expected for an ordinary man, when the supposedly invincible walls of Constantinople no longer resisted the invaders of the feared East.


We, desperate vampires, men and women realize that we have unlearned how to die, as we knew six centuries ago; although we react as if Constantinople had not yet fallen. There are already many who wish to die faster and accelerate their encounters with the destiny; and hundreds of thousands of others, normal ones, whose fate hurried to find them. We unlearn how to die as we did before, assuming that death is something one can learn. It has always been like that, argues some. How can that be? Ask others. And some say that this is providence. And we continue to die as we use to die before - leaving dreams as bequests, and pains as debts. We remember the Plague as if it was yesterday. We believe that our virtual walls will be able to protect us from the enemy. The fear of the virus, which we could call Virulism, tests and promotes as never before seen a wave that was already advancing in the empty sea of ​​despair. This ocean of liquid contemporaneity, where the order of few physical contacts becomes the mantra of a postponed happiness.




Em substituição àcópula, nossa atenção cada vez mais se concentra em órgãos semimasturbatórios chamados celulares; enquanto embriões são fertilizados assepticamente em tubos de laboratório. Tubos plásticos primo-irmãos daqueles que trabalham intensamente na contenção da pandemia por meio de uma santa vacina. Confinar progressivamente bilhões destes corpos frágeis não impede felizmente que suas mentes continuem se teletransportando em circuitos de paixões virtualizadas.


Para quem tinha dúvidas, já não sobra mais quase incertezas. COVID-19, uma vilã há alguns meses ainda desconhecida, assume a paternidade de um mundo de meias verdades. Seu filho se chama virtualismo.


Linguística e dialeticamente pensando, não deixa de ser intrigante observar que o advento do Corona até agora produziu, de um lado centenas de milhares de DEATHs de pessoas absolutamente únicas e insubstituíveis, e do outro, um número incontável de LIVEs questionavelmente autênticas.


O tal mundo “real” não para, e o “virtual” só acelera. Nesse descompasso, quase ninguém mais consegue olhar quem está ao lado, ou mesmo a frente, e muito menos os que ficam para trás. Tudo o que interessa está na tela, para ela é produzido, e nela se consome. As pessoas, inclusive as mais queridas vão se tornando imagens, sem cheiro nem tato; porém, coloridas que são, conseguem facilmente através de um cabo óptico ou espalhadas pelos ares penetrar no vácuo de cada outra, e assim logo desaparecem, como se fossem uma essência.


As a substitute for mating, our attention is increasingly focused on semimasturbatory organs called cell phones; while embryos are aseptically fertilized in laboratory tubes. First-brother plastic tubes of those who work hard to contain the pandemic by means of a holy vaccine. Progressively confining billions of these fragile bodies does not fortunately prevent their minds from continuing to teleport through circuits of virtualized passions.


For those who had doubts, there is no longer almost any uncertainty left. COVID-19, an unknown villain a few months ago, assumes the paternity of a world of half truths. It’s son is called virtualism.


Linguistically and dialectically thinking, it is intriguing that the advent of Corona has so far produced, on the one hand, hundreds of thousands of DEATHs of absolutely unique and irreplaceable people, and on the other, a countless number of questionably authentic LIVEs.


The “Real” world does not stop, and the “Virtual” only accelerates. In this mismatch, almost nobody can look at who is around, or even in the front, let alone those who are left behind. Everything that matters is on the screen, for it is produced, and consumed on it. People, even the most beloved ones, become images, without smell or touch; however, colored as they are, they easily reach through an optical cable or spread through the air to penetrate the vacuum of each other, and so they soon disappear, as if they were an essence.




Por que seria preciso construir equipamentos que triangulam o universo procurando buracos negros, quando cada pessoa já tem um deles em si mesma para chamar de seu? Grande enigma dos vivos que as Lives parecem buscar resolver.


As Lives são dos últimos modelos no vasto mercado de teletransporte, dos mais impressionantes já produzidos desde a percepção do tempo racional. Para muitos humanos, o primeiro e mais revolucionário entre os teletransportes poderia ser creditado a Adão na porta do Éden, ou talvez teria sido construído por Eva, para que ela pudesse justamente escapar dali levando Adão. Para muitos outros, teria sido revelado a Buda. E para uma parte, teria sido a alavanca que conseguiu arrancar da caverna o Homem de Platão, depois que esse já havia recebido de Prometeu o fogo que o destruiria. E há muitas outras histórias que contam essa origem, sem jamais dar conta dela. Mas esse começo importa pouco para quem participa de uma Live, que só vale a pena se for vivida aqui e agora, dentro deste não lugar onipresente, ou então já nasce morta. Amar a vida é preciso, e é preciso ainda mais poder se amar. Amar corporalmente. E quando isso se faz difícil, é mais fácil corporizar o limite de nosso ser. Ou não seria por essa razão que prazerosamente costuramos a tela líquida no limite de nosso eu, que tecemos conjuntamente essa potente máscara que nos protege e protege quem amamos? A máscara do Virtualismo nos protege de vírus biológicos, enquanto nos expõe a trojans venéreos e Fakelovers, e nos condiciona a uma orgia quântica de privacidade quase ausente. O rei eu está nu!


Why would it be necessary to build equipments that triangulate the universe looking for Black Holes, when each person already has one of them in himself to call his own? Great enigma of the living that Lives may seek to solve.


Lives are one of the latest models in the vast teleportation market, the most impressive ever produced since the perception of rational time. For many humans, the first and most revolutionary of teleports could be credited to Adam at the gate of Eden, or perhaps it would have been built by Eve, so that she could just escape from there taking Adam with her. For many others, it would have been revealed to Buddha. And for a part, it would have been the lever that managed to pull Plato's Man out of the cave, after he had already received the fire that would destroy him from Prometheus. And there are many other stories that tell this origin, without ever giving an account of it. But this beginning matters little to anyone who participates in a Live, which is only worthwhile if it is lived here and now, inside this non-omnipresent place, or else it is stillborn dead. Loving life is necessary, and it is even more necessary to be able to love oneself. Love bodily. And when this becomes difficult, it is easier to embody the limit of our being. Or is it not for that reason that we delightfully sew the liquid canvas on the edge of our Self, that we weave together this powerful mask that protects us and protects those we love? The mask of Virtualism protects us from biological viruses, while exposing us to venereal Trojans and Fakelovers, and it conditions us to an almost quantum orgy of absent privacy. The king I is naked!




Máscaras para que te quero? Passei a refletir mais profundamente sobre elas nesses longos meses, desde quando, em meia volta volver, o Ocidente veste burca. Quando a sirene deste enorme barco sem comandante tocou o sinal de alarme, segui o protocolo emergencial da liberdade, do que me restava dela quero dizer - eu sou daqueles que ainda sonham com ela, como se sonhava antes da queda de Constantinopla. Juntamente com meu grande amigo e vizinho Domenico desembarcamos em uma ilha. Chegamos num lindo sítio pleno de verde, ao qual dei o nome de Champs Exylées. De lá víamos aterrorizados, mesmo que protegidos, o mar comer fragatas inteiras no horizonte. Até que um dia, eureca, como se estivesse de nove meses, nasceu DoDa, uma colaboração criativa no meio daquela ilha, que poderia ser perdida, onde estávamos determinados a nos achar. E como tudo que nasce desejado, ou não, pede amor, nossos olhos e corações se voltaram para essa fantasia - experimentos visuais feitos durante a quarentena, girando em torno de um fazer que tentava se tornar saber - buscamos vivenciar esteticamente um novo corpo eticamente virtualizado, com suas máscaras. Essas máscaras, fossem elas reais ou metafóricas, começaram a enredar enigmas que sempre criavam outros a cada deciframento; e para os quais talvez não haja respostas.


Masks for what I want you? I began to reflect more deeply on them in these long months, since when, in a half-turn, the West wears burqa. When the siren of this huge boat without a commander rang the alarm signal, I followed the emergency protocol of freedom, of what I had left of it I mean - I am one of those who still dream of it, as it was before the fall of Constantinople. Together with my great friend and neighbor Domenico we landed on an island. We arrived at a beautiful place full of green, which I named Champs Exylées. From there we saw terrified, even if protected, the sea eating whole frigates on the horizon. Until one day, eureka, as if she were nine-month ready DoDa was born, a creative collaboration in the middle of that island, which could be lost, where we were determined to find ourselves. And as everything that is born, desired or not, asks for love our eyes and hearts turned to this fantasy - visual experiments made during the quarantine, revolving around a doing that tried to become a knowing - we sought to aesthetically experience a new ethically virtualized body, with its masks. These masks, be they real or metaphorical, began to weave enigmas that always created others with each deciphering; and for which there may be no answers.



Eu sou meio médico - não apenas como todos os loucos - tenho diploma, passei por um ritual que me autoriza legalmente a afirmar que sou médico de verdade, mas sempre me recusei a sê-lo por inteiro, mesmo que quando atue medicamente o faça sem meio termos. Eu me acostumei desde muito jovem a trabalhar com máscaras de proteção física. E assim fui levando e me deixando levar pela vida. Carregado por correntezas às vezes, e dando algumas braçadas outras, me fiz especialista em modificações corporais. No início, não sabia que nessa atuação estaria entrando em labirintos - cujas paredes eram os afetos para os quais a corda da racionalidade só consegue tecer proteções muito frágeis.


Aprofundei-me muito, e com grande dedicação, à interface física e biológica das faces, praticando intervenções estéticas medicalizadas, sobre e dentro das caras. Os rostos são fronteiras pessoais e simbólicas, que separam (ou conectam, como se queira dizer) máscara pública e personalidade. O rosto também promove sua fusão na identidade dos espelhos, sejam eles visuais ou psíquicos, de prata, cristal líquido, ou aqueles que refletem imagens puramente subjetivas.


I am a bit of a doctor - not just like all crazy people - I have a certificate, I went through a ritual that legally authorized me to claim that I am a real doctor. But I have always refused to be a full doctor, notwithstanding when I act medically I do it without half terms. I got used to working with physical protection masks from a very young age. And so I went on and on and on with my life. Loaded by currents at times, and taking a few other strokes, I became an expert in body modifications. At first, I didn't know that in this performance I would be entering labyrinths - whose walls were the affections for which the rope of rationality can only weave very fragile protections.


I went very deep, and with great dedication, to the physical and biological interface of peoples veneer, practicing medicalized aesthetic interventions, on and inside the skin. Faces are personal and symbolic boundaries, which separate (or connect, as it were) public mask and personality. The face also promotes its fusion in the identity of the mirrors, whether they are visual or psychic, silver, liquid crystal, or those that reflect purely subjective images.



Em seu rosto cada pessoa é um universo, e por isso mesmo o clichê se transcende. Em muitos lugares esses universos se separam de outras dimensões pelo que podemos figurativamente chamar de máscaras. Os corpos já nascem como máscaras de outras máscaras que dificilmente se materializariam sem elas. Somos ao mesmo tempo seres únicos e completamente moldáveis aos nossos tempos. Só conseguimos existir enquadrados, e só podemos nos expressar livremente porque nos apresentamos modificáveis. O imperativo imposto pela condição de pandemia é um desafio de liberdade. Que ética se revela, ou se mascara, esteticamente em tampar a cara no contexto dessa calamidade? Aprenderemos definitivamente a usar máscaras para cobrir boca e o nariz em público, espaço sagrado da exposição? Esse uso, falo não só por mim, neste momento, é absolutamente responsável e recomendável, mas deveria ser compulsório? Burkar ou não burkar? Essa não é a questão!


In one's face each person is a universe, and that is why the cliché is transcended. In many places these universes are separated from other dimensions by what we can figuratively call masks. Bodies are already born as masks of other masks that would hardly materialize without them. We are at the same time unique beings and completely mouldable to our times. We can only exist framed, and we can only express ourselves freely because we present ourselves as modifiable. The imperative imposed by the pandemic condition expresses itself as a freedom challenge. What ethics is revealed, or masked, aesthetically in covering the face in the context of this calamity? Will we learn to use masks to cover mouth and nose in public, sacred space of the exhibition? Using masks, I speak not only for myself, at this moment, is responsible and recommendable, but should it be compulsory? To Burqa or not to Burqa? That is not the point!



A liberdade só consegue conviver bem com coberturas facultativas, mas também invioláveis, sejam elas de rosto (e dessas há e sempre houve inúmeras) ou aquelas para esconder o restante, até as chamadas "vergonhas", tanto do corpo privado quanto do político; e consequentemente dos infindáveis espaços intermediários, passíveis de serem produzidos pelo derretimento ou sublimação da já tênue fronteira que delimitava os conceitos de público e privado, neste agora de grandes transformações mediadas pelo Virtualismo.


Equipamentos de proteção virtualizados são apenas metáforas para máscaras mais profundas, aquelas dos pensamentos, e dos afetos. Como esconder o medo com uma máscara que em si já é sua revelação? Como mostrar a coragem sem mascarar os medos que a sustentam? Como amar de máscara? É possível amar sem elas? O que vem a ser expor-se em público, quando quase tudo que essa dimensão hoje abarca só pode ser medido pela interface mascarada de dados digitalizáveis? No mais das vezes processados em completo isolamento.


Quais estéticas e quais éticas se produzem pelo implante em nossos corpos e mentes dessas camadas, desse Clotho que nos costura em dados, e deste novo órgão ao mesmo tempo cartesiano e libidinoso chamado celular? Eram essas perguntas que alimentavam DoDa, e assim foram crescendo juntas feito o Oroboro. Cada nova pergunta dando muito pano para máscara.


Freedom can only survive with facultative but also inviolable coverings, be they faces (and of those there are and there have always been countless ones) or those to hide the rest, even the so-called "shame". Covers of the private and political bodies. Consequently, from them derives the endless intermediary spaces, which can be produced by the melting or sublimation of the already tenuous frontier delimiting the concepts of public and private. All that enclosed in this Now of great transformations mediated by Virtualism.


Virtualized protective equipments are just a metaphor for deeper masks, those of thoughts and affections. How to hide fear wearing a mask that is already its revelation? How to show courage without masking the fears that support it? How to love wearing masks? Is it possible to love without them? What does it mean to be exposed in public, nowadays, when almost everything inside the public dimension can only be measured by the masked interface of digitizable data? most often processed in complete isolation.


What aesthetics and ethics are produced by the implant in our bodies and minds of these layers, this Clotho that sews us into data, and this new Cartesian and libidinous organ called cell phone? It was these questions that fed DoDa, and so they grew up together like the Oroboro. Each new question producing a lot of mask cloth.




Como sabiamente disse Isak Dinesen, todas as “dores podem ser suportadas se você puder colocá-las numa história, ou contar uma história sobre elas”. Na estória de DoDa, a contingência nos obrigou a abandonar os Champs Exylées e embarcar no bote mais próximo. Três meses de vida não cabem na mala. O passado nunca cabe na mala. E nesses barcos do fim do mundo não há espaço para grandes bagagens; já estão todos lotados de desamor. Não tem outro jeito, para caber tanta gente junta, solicita-se aos passageiros que tirem toda a roupa. A nudez é a roupa mais justa, quando não aperta, seu apelido é liberdade. Mas hoje só se permite assistir ao fim do mundo de máscara. DoDa foi a nossa máscara mais frouxa. Através dela respiramos outros ares, e assistimos o desmascaramento desta nova Viturrealidade. Porém observar não é viver. Com ou sem Lives, a dor só pode ser contada quando vivida.


Força na Máscara!


As Isak Dinesen wisely said, all "sorrows can be borne if you can put them into a story or tell a story about them". In DoDa's story, contingency forced us to abandon the Champs Exylées and board the nearest boat. Three months of life don't fit in the suitcase. The past never fits in the suitcase. And in these end-of-the-world boats there is no room for large luggage; they are already full of disaffection. There is no other way, to fit so many people together, passengers are asked to take all their clothes off. Nudity is the fairest outfit, if not tight I call it freedom. But today you can only watch the end of the world wearing masks. DoDa was our loosest mask. Through DoDa we have breathed other airs, witnessing the unmasking of this new Viturreality. But, to observe is not to live. With or without Lives, pain can only be told when felt.


Hope in the Mask!


Davi de Lacerda


Translated by Artificial Intelligence Algorithm under Davi’s oversight

PHOTOS by Davi de Lacerda & Domenico Salas

Davi de Lacerda, 48 anos, mora em São Paulo, é médico dermatologista; estuda Ciências Sociais; gosta de escrever, fotografar, criar, ver e viver o mundo do seu jeito.


Domenico Salas, mora em Sao Paulo, artista visual, designer e produtor gráfico com trabalhos expostos em midias impressas ( Vogue, Zupi e Photo). Expôs em coletiva no Museu AfroBrasil, Galeria Paralelo e Tato galeria, projeto autoral Patologico no site www.domenicosalas.com.br

Davi de Lacerda, 48, lives in São Paulo, dermatologist, currently pursuing a bachelor's degree in Social Sciences. Davi likes to write, photograph, create, see and live the world in his own way.


Domenico Salas, lives in Sao Paulo, visual artist, designer and graphic producer with works displayed in printed media (Vogue, Zupi and Photo). Collective exhibition at the AfroBrasil Museum, Galeria Paralelo and Tato Galeria. Authorial project Pathologico dysplayd on the website www.domenicosalas.com.br


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