Um poema de Horácio Costa
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Aug 20, 20203 min read
L’air du matin
Tu te loves contre moi
L’air du matin
se pose en brouillard lumineux
sur nos pensée naissantes
“Je t’aime”, me dis tu
Un oiseau passe et te répond:
“Elle aussi!”
Car muete
sonnée encore
je sors à peine de ma nuit
Il faut bien se le dire
ce monde-lá ma fait mal
O ar da manhã
Tu me envolves com amor
Ar da manhã
pousas em nevoeiro luminoso
sobre nossos pensamentos nascentes
“Eu te amo”, tu me dizes
Um pássaro passa e te responde:
“Ela também!”
Então muda
com sono ainda
saio a custo de minha noite
E é bom que se diga
este mundo aí me fez mal
La jupe de ma mère
Sous sa jupe légère
tant chose a devenir
um rêve
tout um manège
de saisons a saisir
par um enfant fébrile
A saia de minha mãe
Sob sua saia leve
tantas coisas por vir
um sonho
todo um carrossel
de estações por extasiar
uma criança febril
Des mots noirs
Des mots noirs
à faire chavirer le nuage
à chérir son ombre
à saccager la plaine
à humer les sourires secrets
à regarder de loin la glu de l’existence
à remonter la glissade de l’espoir
à caracoler avec un chevalier
à faire saigner sa blessure
comme le plus tendre des nouveau-nés
Palavras negras
Palavras negras
a revirar a nuvem
a acalentar sua sombra
a saquear a planície
a cheirar os sorrisos secretos
a olhar de longe para a cola da existência
a subir o escorregadio da esperança
a se empinar com um cavaleiro
a sangrar sua ferida
como o mais terno recém-nascido
Fleur d’orgueil
La neige
Partout la neige
À toi
à l’autre bout de route
où se inscruste l’enfance
À toi, petite
sauf ton âme
justement vaste
pour ne plus conttenir
les allées et venues fracassantes
d’une reine dépourvue d’amour
Il te reste cette fumée
dechirée par tes pleurs
qui s’abattent comme la lave
sur les cicatrices du jour
Flor do orgulho
A neve
Por toda parte a neve
A ti
na outra ponta da estrada
onde se incrusta a infância
A ti, pequena
salvo tua alma
vasta, simplesmente
por não mais conter
as idas e vindas fracassadas
de uma rainha desprovida de amor
Resta esta fumaça
desfeita por tuas lágrimas
que caem como lava
sobre as cicatrizes do dia
Eté
Ici dans la solitude
au milieu des miens
ma pensée ne tend que vers toi
mon corps te cherche
comme un animal
qui déambule
alourdi de ton souvenir
Que faire de ces champs jaunis?
De ces sillons tracés de force dans l’argile
où chaque brin d’herbe
n’en finit plus de pousser?
Verão
Aqui na solidão
no meio dos meus
pensamentos que só tendem para ti
meu corpo te procura
como um animal
que deambula
pesado de tua memória
O que fazer destes campos amarelados?
Destes sulcos traçados à força no barro
onde cada lâmina de grama
não cessa de impulsionar
Les mots
Et si le silence
était mon langage...
Avide de savoir
tu récoltes mes cils
la tempête qui me traverse
tandis que je dessine ton nom
à la craie
sur des miroirs
Mais si je penche la tête
comprendras-tu ce geste-nuage
perdu dans le bleu du jour?
As palavras
E se era o silêncio
a minha linguagem...
Ávido de saber
tu colhes meus cílios
a tempestade que me atravessa
enquanto desenho teu nome
a giz
sobre os espelhos
Mas se pendo a cabeça
compreenderás este gesto-nuvem
perdido no azul do dia?
Isabelle Lagny
Tradução de Antônio Moura
Isabelle Lagny é poeta, escritora e fotógrafa, nascida em 1961, em Paris, cidade em que vive até hoje exerce a profissão de medicina do trabalho. Escreve poemas e novelas desde 1996, e paralelamente ao seu trabalho autora, realiza um trabalho de tradução de longa data, do árabe para o francês, com o poeta de origem iraquiana Salah Al Handani. Como fotógrafa expõe desde 2013. Publicou os livros de poesia Le sillon des jour; Nuit inversée; Poèmes D’Alya e Contrejour amoureux.
Os poemas aqui apresentados são extraídos do livro Este gesto-nuvem, com tradução organização de Antônio Moura, Edições do Escriba, 2019.
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Jul 27, 20204 min read
Updated: Aug 7, 2020
Cântico ázimo de sábado para um amor em Dubrovnik
Diante da idéia de fuga serão
Ázimos:
o pão, o amor e o poema.
Não há tempo para fermentá-los
durante uma travessia delicada.
Ainda assim,
São amor, pão e poema.
Aqui como em Dubrovnik,
e, ázimos, seriam banhados pelo mar Adriático.
ºOnde você está, neste exato momento, de sonhos molhados pelo Atlântico Sul
Enquanto você ignora a linha de fuga e que são
Ázimos¿ O poema, o amor e o pão¿
E que não teremos tempo de fermentá-los¿
A cada vez que eu ouvir “Dubrovnik”
Com suas palavras adjacentes, tais como “Adriático”,
Olharei ciganamente para minha mão
e acompanharei a linha da vida até o fim. Pensarei em você e nas linhas de fuga.
Quase não ouço essas palavras, “Dubrovnik”, “Adriático”, e,
assim,
ázimos, o pão, o poema e o amor,
Sem tempo para fermentá-los,
Diante da ideia de fuga,
Tornaremos sagrados a vida e seu corpo no ritual de pesach de todos os sonhos submersos no sábado e na memória.
Camila do Valle
Cántico ázimo de sábado para un amor en Dubrovnik Ante la idea de fuga serán Azimos El pan, el amor y el poema No hay tiempo para fermentarlos Durante una delicada travesía. Aún así son amor, pan y poema Aquí como en Dubrovnik, y, ázimos, serían bañados por el mar Adriático. Donde vos estás, en este exacto momento, de sueños mojados por el Atlántico Sur mientras ignorás las linea de fuga y qué son ázimos ¿El poema, el amor y el pan? ¿Es que no tendremos tiempo de fermentarlos? Cada vez que oiga “Dubrovnik” Con sus palabras adyacentes, tales como “Adriático” Voy a mirar ciega mi mano gitana y acompañaré la línea de la vida hasta el fin. Voy a pensar en vos en las líneas de fuga Casi que no oigo las palabras “Dubrovnik”, “Adriático”, y Así Ázimos, el pan, el poema y el amor Sin tiempo para fermentarlos Volveremos sagrados la vida y el cuerpo en el ritual de Pesaj de todos los sueños hundidos en el sábado y en la memoria.
Traducción Alicia Killner
Saturday's unleavened for a love in Dubrovnik
Faced with the idea of escape will be
Unleavened:
bread, love, and poem
No time to ferment them
during a delicate crossing
Even so,
They are love, bread and poem
Here, as in Dubrovnik
and, unleavened, they will be bathed by the Adriatic Sea
Where you are, in this exact moment, of dreams wet by the South Atlantic
While you ignore the escape line and are
Unleavened poem, love, bread?
And that we will not have time to ferment them?
Every time I hear “Dubrovnik”
With its adjacent words, such as “Adriatic”
I'll look down on my hand
and I will follow the line of life to the end. I will think of you and the escape lines.
I hardly hear those words, “Dubrovnik”, “Adriatic”, and,
like this
unleavened bread, poem, and love
Without time to ferment them,
Faced with the idea of escape will be
We will make life and your body sacred in the pesach ritual of all dreams submerged on
the Saturday and in memory
Translated by Lisa Robinson
Cantico azzimo di sabato per un amore in Dubrovnik.
Dinnanzi all’ idea di fuga saranno
Azzimi:
il pane, l’amore e il poema.
Non c’è tempo per fermentarli
Durante
una traversata delicata.
Ma anche così,
Sono amore, pane e poema.
Qui come a Dubrovnik,
e, azzimi, sarebbero bagnati dal mare Adriatico.
Dove tu sei, in questo esatto momento, di sogni bagnati dall’Atlantico Sud
mentre tu ignori la linea di fuga e che cosa sono
Azzimi? Il poema, l’amore e il pane?
E che non avremo il tempo per fermentarli?
Ogni volta che io sentirò “Dubrovnik”
Com le sue parole adiacenti, come “Adriatico”,
Guarderó, come una zingara, la mia mano
E accompagneró la linea della vita fino alla fine. Penserò a te e nelle linee di fuga.
Quasi non ascolto queste parole, “Dubrovnik”, “Adriatico”, e,
così,
azzimi, il pane, il poema e l’amore,
senza tempo per fermentarli,
dinnanzi all’idea di fuga,
faremo diventare sacri la vita e il suo corpo nel rituale di pesach di tutti i sogni sommersi
nel sabato e nella memoria.
Tradotto da Giuseppe Bertazzo
Como poeta e pesquisadora, Camila do Valle interessa-se pelo trânsito entre a Literatura e a Antropologia. Publicou "Mecânica da distração: os aprisântempos" (RJ, poemas, 2005), "Perlas chinas" (Edição Eloisa Cartonera, Bienal de Arte de São Paulo, contos, 2006), “Rockland, Minas Geraes” (Buenos Aires, Eloisa Cartonera, poemas, 2017) e “Penélope terminou o bordado” (Lisboa, 2018 - "livro de artista" com poemas bordados e fotografados, apresentado na Fundação José Saramago em 2019). Coordenou festivais e antologias de poesia escrita no Brasil em países do exterior´, tais como “Entre cielo y suelo - antologia de Armando Freitas Filho”, junto à tradutora Teresa Arijón, publicada na Argentina. Foi coordenadora e curadora da mostra de Artes Visuais “Ouro sentimental” sobre o diálogo entre artes visuais e literatura na Argentina (Museu de Arte Contemporânea de Niterói, MAC, 2007). Realizou as performances “Muro Tupi” (com o artista Leo Battistelli) e “Natureza Viva” (com as artistas Lucia Vignoli e Nena Balthar) no MAC em 2011 e 2017, respectivamente. É pesquisadora do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, junto ao qual organizou as publicações: "Nice Guerreira: mulher, quilombola e extrativista da floresta" (2016); "Caboverdeanos en la Argentina - Crónicas de una identidad" (2011, mapa e publicação); "Cartografia Social dos Afrorreligiosos de Belém do Pará" (mapa e livro, IPHAN, 2012). Professora de Literatura Portuguesa, Africanas e da Amazônia na UFRRJ.
Notas:
A pintura do primeiro vídeo é de Lucia Vignoli e se chama "Mapa e labirinto". A performer é Lana Maria.
A tradução ao castelhano é da psicanalista, que vive em Buenos Aires, Alicia Killner.
A tradução ao inglês foi feita pela jornalista Lisa Robinson, que vive em Londres.
A tradução ao italiano foi feita pelo teólogo italiano, que vive em Lisboa, Giuseppe Bertazzo.
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